Por Milton Almeida, do ATUAL
MANAUS- Para onde vai a água dos rios quando secam, como ocorre atualmente no Amazonas com o Madeira, Solimões e Rio Negro? A resposta está no ciclo das águas, ou movimento hidrológico, dos rios na Amazônia, diz Marcos Castro, doutor em Geografia Humana e professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas). “A água tem sua origem na nascente, percorre todo o trecho da calha e vai desaguar no oceano”, diz o especialista.
As chuvas são responsáveis por equilibrar a vazante e a cheia. “Se diminui a quantidade de chuvas, como está ocorrendo agora, a vazão vai acontecendo e vai diminuindo o potencial hídrico (a quantidade de águas) nas bacias, que é o que alimenta os rios, além da nascente”, explica Marcos Castro.
Vanessa Sardinha, mestre em Biodiversidade Vegetal, afirma que o ciclo das águas depende diretamente da energia solar, do movimento de rotação da Terra e até mesmo da gravidade. “O Sol é o responsável por proporcionar energia para que o ciclo aconteça. Sua luz provoca a evaporação da água presente na superfície terrestre. A água, agora em estado gasoso, sobe para camadas mais altas da atmosfera onde a temperatura é mais baixa. Ao alcançar determinada altitude, essa substância passa do estado de vapor (gasoso) para o líquido (condensação) e forma as nuvens (de chuva)”, ensina.
Segundo Vanessa, quando ocorre a chuva, processo também chamado de precipitação, a água começa a retornar para a superfície terrestre e é influenciada diretamente pela gravidade. Nesse momento, ela pode atingir os rios, os lagos e também os oceanos.
“É importante destacar que, apesar de o ciclo da água garantir que essa substância circule no meio constantemente, isso não garante que não possa faltar água. Isso ocorre pelo fato de que o ciclo da água é complexo e pode ser afetado por diversos fatores, como o vento, que pode fazer com que a água que evaporou em uma área seja precipitada em outras”, diz Vanessa.
A água não desaparece
Marcos Castro diz que o que ocorre atualmente nas bacias amazônicas não é um “processo de desaparição das águas”. Segundo ele, a explicação envolve diversos fatores climáticos.
“As mudanças acontecem em âmbito global. Por exemplo, o fenômeno “El niño” (as águas do oceano esquentam) causa a diminuição da quantidade de chuvas. Temos um problema de pluviosidade (quantidade de chuva que cai em uma região) na Amazônia. Essa é a causa da seca”, explica.
Conforme o professor, a falta chuva alterou o ciclo hidrológico nas bacias amazônicas. “A Bacia Amazônica é como uma árvore; você tem o caule principal que vai drenar (escoar) a água para diversas ramificações (os rios). Se não há chuva no canal principal da árvore, não há água em outros canais, os outros canais ficam comprometidos pela falta de água”, diz Marcos.
O especialista alerta para o fato de que com a escassez de chuvas o lençol freático (camada superior de água subterrânea, que se encontra em geral a baixa profundidade) não é “alimentado”.
“Se não há acumulação de água em um determinado local, você acaba prejudicando as nascentes dos rios também. Se existe algum fenômeno (anormal) que impeça a acumulação de águas, vamos ter um problema no ciclo das águas”, afirma.
Veja mais na fonte oficial: https://amazonasatual.com.br/saiba-para-onde-vai-a-agua-quando-os-rios-secam-como-ocorre-no-am/
Do Amazonas Atual